sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Um causo de Eduardo Valle

A UFPE, na área de Informática, está entre as melhores instituições do País. Infelizmente, como enfatizei em outro texto aqui, essa área perdeu (há alguns meses) um dos seus precursores: o saudoso Prof. Eduardo Valle. Permitam-me contar um causo dele do início dos anos 70 que, pelo menos para mim, foi um dos fatos marcantes da sua juventude.

Eduardo, ainda muito jovem, em 1977, tornou-se professor do Departamento de Estatística e Informática da UFPE. Ele era, também, professor da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Naquela época não havia dedicação exclusiva.

No primeiro semestre de 70, a Emprel (Empresa de Processamento de Dados da Prefeitura de Recife) fez um convênio com a IBM e alguns técnicos do Rio de Janeiro dessa importante multinacional deram (na sede da Emprel) um curso de 6 meses em módulos: Fortran 77, Cobol, Algol e PL1.

A Emprel selecionou 30 alunos para esse curso. No final, os 10 primeiros colocados seriam contratados pela Emprel. Os dois primeiros colocados foram Fred de Andrade (1o) e Eduardo Valle (2o). Eu era amigo dos dois. Fred era meu colega na Escola de
Engenharia da UFPE (ele, também, namorava a irmã de minha namorada) e Eduardo meu colega na UNICAP. Fred tornou-se depois diretor geral da Emprel.

Quando saiu o resultado do concurso - com os 10 primeiros lugares publicados nos jornais locais -, convidamos Eduardo, e um grupo de rapazes (com suas namoradas) foi comemorar no Restaurante Barril, o melhor (e mais caro) da Praia de Boa Viagem.

Naquela época as moças de família de Recife não saíam sozinhas com seus namorados e andávamos sempre em grupos. Era uma 6a feira e, depois do jantar, íriamos a uma boate da moda chamada "Ferro Velho".

Jantamos por mais de duas horas, mas na saída do restaurante, Eduardo nos disse em tom professoral e para espanto de todos: "Turma, não poderei ir a boate, porque, enquanto jantávamos, descobri uma maneira muito mais eficiente de fazer um programa
em ALGOL. Tenho que ir para casa desenvolvê-lo". Era assim, o Eduardo que perdemos!

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