domingo, 6 de junho de 2010

Brasil Engessado

O PIB (produto interno bruto) é o valor de toda a riqueza (bens e serviços) gerado num país. O valor do PIB brasileiro, em 2005, foi de R$ 1,937 trilhão. Medindo o PIB pelo poder de compra de cada país, o Brasil fica colocado em décima posição mundial, à frente de países como Canadá, México e Espanha. O PIB per capita é uma medida do padrão de vida dos cidadãos. O PIB per capita brasileiro medido, também, pelo poder de compra, vale cerca de US$ 8050. Estamos na 70ª posição mundial e abaixo da média mundial de US$ 8724, perdendo na América Latina para o Uruguai, Argentina, Chile e México. Estes dados permitem concluir que o Brasil não é um país pobre, mas uma nação de muitos pobres.

O Brasil vem crescendo a uma taxa média de 2,6% nos últimos três anos. Portanto, o seu PIB somente duplicará daqui a 27 anos. A média de crescimento do PIB brasileiro, entre 1981 e 2005, foi somente de 2,2%, embora este baixo percentual de crescimento não vença sequer o crescimento populacional e a depreciação das nossas empresas. Se a nossa população continuar crescendo nos próximos anos à mesma taxa anual, estimada em 1,9%, podemos inferir que o nosso PIB per capita terá taxa de crescimento igual a 2,6%-1,9%=0,7%. Assim, o PIB per capita do País, mantidas essas condições, somente duplicará daqui a 100 anos, ou seja, chegará a US$ 16100. Este valor é inferior ao PIB per capita português estimado hoje em US$ 18503. Isso mesmo, só daqui a cem anos os brasileiros terão, em média, condições de vida aproximadamente equivalentes àquelas que nossos patrícios portugueses desfrutam hoje. Pobre Brasil!

O Brasil é sabidamente conhecido por ser uma das sociedades mais desiguais e injus- tas do mundo, onde a diferença na qualidade de vida de ricos e pobres é imensa. Com efeito, 1% dos brasileiros mais ricos (1,7 milhão de pessoas) detém uma renda equivalente a da parcela formada pelos 50% mais pobres (86,5 milhões de pessoas). Temos a terceira pior distribuição de renda do mundo, de acordo com o índice de Gini - que mede a desigualdade de renda com valores entre zero (igualdade absoluta) e um (desigualdade absoluta). Este índice no Brasil é de 0,593, sendo somente superado por Serra Leoa (0,629) e Namíbia (0,707) que são economias inexpressivas. Nos países do primeiro mundo, o índice de Gini tem valores entre 0,3 e 0,4. Se examinarmos outro índice alternativo, como o índice de desenvolvimento humano (IDH), que é uma média ponderada de indicadores de pobreza, alfabetização, educação, esperança de vida e natalidade, o Brasil ficou, em 2005, na 63ª colocação, com um índice de 0,792. Perdemos na América Latina para Argentina, Chile, Uruguai, Cuba, Panamá e Trindade e Tobago.

Devemos nos acautelar do seguinte: sem um crescimento significativo sustentável por vários anos consecutivos, o Brasil terá como conseqüência maiores taxas de desemprego e, por conta disso, mais violência social nas próximas décadas. É dever precípuo dos nossos governantes e líderes políticos, tomarem medidas eficazes para reverter o engessamento do País de imediato, propiciando um grande crescimento econômico no curto prazo. Sem isso, o cenário futuro se nos afigura muito tenebroso.

2 comentários:

  1. Caro Prof. Gauss,
    Meus parabéns pelos artigos do seu blog e muito
    especial pelo artigo "Brasil Engessado" que está ótimo. Nossos políticos e gestores deveriam
    ler esse artigo. Fernando Lima (Campinas)

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  2. Meu Caro Gauss,

    Os artigos do seu blog são ótimos e bem convidativos à uma reflexão geral. Infelizmente, no Brasil de hoje, o que existe é um direciona-
    mento à propaganda enganosa, à miminimização
    do conhecimento e à ausência de valores morais. Adalberto Torres

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