sábado, 10 de julho de 2010

Laranja Podre

Como inúmeros outros colegas pesquisadores, sempre me preocupei com o nível de qualidade das dissertações de mestrado e das teses de doutorado no País. A diferença é que eu escrevo e exponho publicamente minhas ideias e posições, sem qualquer temor do patrulhamento perverso existente nas universidades, patrocinado por aqueles que preferem adotar o lema "quanto pior a academia melhor para mim". Os professores que concordam comigo e preferem se preservar - não expondo seus argumentos-, formam a denominada "maioria silenciosa". Esse termo foi definido pelo ex-Presidente dos EUA, Richard Nixon, ao comentar a ausência de debates da sociedade americana quando da ocasião da Guerra do Vietnã.

A estatística brasileira atingiu níveis nunca antes sonhados em inúmeras universidades brasileiras nas duas últimas décadas. O IME/USP tem um Departamento de Estatística que não deve nada em termos de qualidade e quantidade da produtividade científica a nenhuma outra universidadade do planeta. Outras instituições como UFRJ, UNICAMP, UFPE, UFMG e UFSCar contam com Programas de Pós-Graduação em Estatística muito bem consolidados, nos dois níveis: mestrado e doutorado. Os programas de pós em Estatística da UnB e da UFRN estão crescendo bem. Não estou citando aqui as IFES com outros programas correlacionados à área de Estatística como, por exemplo, outros dois muito bons: aquele da UFRGS na área de matemática (com linha de pesquisa em estatística) e o da Esalq em Estatística Aplicada e Experimentação Agrícola.

Apesar do cenário positivo acima, problemas sérios persistem em outras IFES, e o principal passo para a solução de um problema é reconhecer sua existência.
Eu seria um sonhador em almejar que todas as universidades do País tivéssem bons Departamentos de Estatística. Contudo, certamente muitos desses departamentos poderiam melhorar se suas instituições atraissem um maior número de pesquisadores verdadeiramente ativos ou pelo menos interessados na pesquisa científica nessa área.

Aqueles alunos de hoje que não estudam, pocedem assim porque realmente só querem um diploma, porque eles tem todas as facilidades possíveis e imaginárias. Eu não tinha
nada disso quando era estudante! Gastei quase 8 meses para datilografar, numa máquina de escrever IBM, minha tese de doutorado. Um aluno hoje gastaria no máximo três semanas.

Meu ponto princial: não adianta em nada formar um mestre ou um doutor improdutivo. Diz um provérbio da sabedortia popular: "Uma laranja podre apodrece todas as outras". Eu acrescento: esse fato de per si tem efeitos danosos no curto e longo prazos.

2 comentários:

  1. Oi prof. Gauss, o senhor não citou a UFLA, lá também tem mestrado e doutorado em Estatística.
    Abraço.

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  2. Professor Gaus, gostaria que o senhor comentasse em seu blog a atuação dos pesquisadores de estatística em pesquisas relacionadas à Gestão de Carreira. Seria interessante expor como as empresas estão contratando os profissionais da áea de estatística para realizarem suas pesquisas, assim como a frequência com que a demanda ocorre. E, principalmente, quais os níveis das empresas as quais são mais pesquisadas e servem de referência para o mercado.

    Desde já agradeço o espaço.

    Atenciosamente,


    Profª. Albaniza Sales

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