domingo, 25 de julho de 2010
Um tributo ao estatístico L!
Vou narrar uma estória verdadeira que aconteceu com um estatístico brasileiro - denominarei de L (em respeito ao seu nome)-, que foi meu amigo na primeira metade dos anos 80. Este estatístico estudava no Imperial College sob a orientação de Sir David Cox entre 1983 e 1987. Vivia em Londres, com mulher e filho enfrentando dificuldades financeiras, que presenciei num jantar em abril de 1985 na sua casa. Ele tinha bolsa da FAPESP nos primeiros dois anos e, depois, conseguiu uma bolsa do CNPq. Em 1986, ele solicitou ao CNPq prorrogação da sua bolsa – que já tinha dois anos, por mais 15 meses. O Comitê Assessor do CNPq – da qual fazia parte eu e o Prof. Pedro Morettin da USP -, em princípio foi contra, pois havia o prazo máximo de 4 anos para um bolsista concluir o doutorado no exterior. Entretanto, no processo dele, havia uma carta do Prof. David Cox elogiando o seu trabalho e AFIRMANDO que com a prorrogação solicitada ele iria concluir a tese. O Morettin conhece bem o teor da carta. Em vista disso, nós prorrogamos o prazo de sua bolsa para ele terminar o seu doutorado. Resultado final: depois desses 15 meses, o Cox - no meu entender-, de forma revoltante reprovou a tese e disse que L deveria se contentar com um DIC (Diploma do Imperial College). L me ligou de madrugada desesperado, perguntando se deveria aceitar a proposta ou recusá-la para voltar ao Brasil e tentar defendê-la em alguma instituição aqui. Eu, constrangido e abatido com a notícia, sugeri que ele aceitasse. Atualmente, L é professor de Estatística em uma instituição de Portugal mas foi uma pobre vítima da soberba inglesa.
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Olá Professor Gauss, fui seu aluno na UFRPE, não fui bom aluno de estatística. Sempre achei o Sr. uma pessoa interessante. Mas acho que o Sr. daria um ótimo jornalista ou escritor, além de ser um grande matemático. Sinto desde o tempo da Rural que tem uma preocupação com a sociedade. Gostava muito das histórias e estórias que contava na sala de aula, entre um cálculo e outro. Se todos os professores, inclusive de ciências exatas, fossem iguais ao Sr. talvez Pernambuco e tb o Brasil fosse outro.
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Abraços
Roberto T.M.