A universidade brasileira não espelha todos os anseios de nossa sociedade, ainda marcada por traços de atraso e acentuadas desigualdades. Entendemos que esta deva assumir um papel transformador da realidade de uma parcela majoritária dos jovens brasileiros que não têm acesso ao ensino superior, nem tampouco, garantidos os seus direitos essenciais. Com efeito, os indicadores de desigualdade do Brasil estão entre os piores da América Latina. A universidade publica no País deve produzir conhecimentos que fazer avançar as nossas fronteiras científicas e tecnológicas.
O Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) é um dos mais significativos polos de produção do conhecimento do País nas áreas de estatística, física, matemática e química. Este centro conta com cerca de 130 professores em regime de dedicação exclusiva, sendo uma parcela significativa formada por pesquisadores de reconhecimento internacional.
Os seus quatro departamentos desenvolvem cursos de pós-graduação no nível de mestrado e doutorado, todos com conceito na Capes superior ou igual a cinco, numa escala que vai de dois a sete.
Por estar localizado numa região que vem apresentando intenso crescimento econômico nos últimos anos, coloca-se naturalmente como um espaço de referência para a formação de capital humano capacitado e para a formulação de ideias propulsoras dos processos que fermentam o desenvolvimento do nosso Estado. Suas atividades estão direcionadas à formação de professores e profissionais, desconstruindo os preconceitos e permitindo a construção de parcerias frutíferas. Os seus cursos de
graduação e pós-graduação possibilitarão o uso das ciências exatas como instrumento fundamental de melhoria do nosso capital humano para atender as crescentes demandas do mercado de trabalho.
Estimulamos a produção de conhecimento com qualidade nas quatro áreas citadas, produzimos ações sociais que permitem uma maior inserção qualificada na sociedade e contribuímos para a formação continuada dos professores da rede pública do estado por meio de cursos de extensão. Somos um centro de prestígio acadêmico indiscutível no País. Devemos prosseguir, sem desvios, na direção do reconhecimento do mérito e de sua busca incessante. O CCEN é um motivo de orgulho para a ciência do Brasil
e, em especial, para a sociedade pernambucana.
(O artigo acima foi publicado inicialmente no Jornal do Commercio no dia 2 de novembro de 2011).
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Sobre o Qualis CAPES
O Qualis CAPES com os conceitos A1-A2 e B1-B5 é um bom mecanismo para julgar a meritocracia dos programas de pós-gradução ou de grupos de pesquisa, pois pode-se ajustar uma distribuição ao histograma obtido de uma massa razoável desses conceitos e comparar a tendência da curva do programa, por exemplo, assimétrica mais para à direita ou mais para à esquerda.
Entretanto, o qualis não deve ser utilizado para comparar dois indivíduos em qualquer área do conhecimento, pois esses conceitos são meras médias das produções científicas e dos fatores de impactos dos periódicos especializados.
Paul Seymour, matemático de Princeton, tem um dos 10 maiores salários da matemática americana! Seus 13 primeiros artigos têm quase 2000 citações e todos eles foram publicados em periódicos com conceitos de B1 para baixo. Essa informação me foi repassada por um amigo, grande matemático brasileiro.
Vide site do Paul Seymour em http://www.math.princeton.edu/~pds/.
Nenhum matemático ou estatístico brasileiro tem até hoje 2000 citações!
A última atualização (de 20/10/2011) do meu Lattes revela que tenho apenas 734 citações e fator H13. Verficar em http://lattes.cnpq.br/3268732497595112.
Entretanto, o qualis não deve ser utilizado para comparar dois indivíduos em qualquer área do conhecimento, pois esses conceitos são meras médias das produções científicas e dos fatores de impactos dos periódicos especializados.
Paul Seymour, matemático de Princeton, tem um dos 10 maiores salários da matemática americana! Seus 13 primeiros artigos têm quase 2000 citações e todos eles foram publicados em periódicos com conceitos de B1 para baixo. Essa informação me foi repassada por um amigo, grande matemático brasileiro.
Vide site do Paul Seymour em http://www.math.princeton.edu/~pds/.
Nenhum matemático ou estatístico brasileiro tem até hoje 2000 citações!
A última atualização (de 20/10/2011) do meu Lattes revela que tenho apenas 734 citações e fator H13. Verficar em http://lattes.cnpq.br/3268732497595112.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
História da Matemática de Pernambuco
Hoje é um dia um pouco diferenciado para a História da Matemática de Pernambuco. Desde a a instituição, em 2007, do Prêmio de "Cientistas Notáveis Pernambucanos", somente engenheiros e físicos tinham recebido essa importante honraria na área de ciências exatas.
Hoje foi escolhido pela primeira vez um grande matemático: o Prof. Leopoldo Nachbin. Ele concorreu com um outro grande nome, o Eng. Joaquim Cardoso e, seguramente, ambos foram geniais!
Na área de ciências sociais ganhou Celso Furtado, paraibano de nascimento. Entretanto, no edital do prêmio existe um item que enfatiza que o prêmio pode ser concedido a alguém de atuação de excelência por Pernambuco. No caso, o Prof. Celso Furtado criou a Sudene! Na área médica, o escolhido foi o Prof. Ageu Magalhães.
Hoje foi escolhido pela primeira vez um grande matemático: o Prof. Leopoldo Nachbin. Ele concorreu com um outro grande nome, o Eng. Joaquim Cardoso e, seguramente, ambos foram geniais!
Na área de ciências sociais ganhou Celso Furtado, paraibano de nascimento. Entretanto, no edital do prêmio existe um item que enfatiza que o prêmio pode ser concedido a alguém de atuação de excelência por Pernambuco. No caso, o Prof. Celso Furtado criou a Sudene! Na área médica, o escolhido foi o Prof. Ageu Magalhães.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Distribuição de Weibull
Muitas vezes ficamos bastante chateados quando trabalhamos bastante num artigo, ao longo de meses, quando o mesmo é rejeitado num periódico. Inúmeros cientistas passaram várias vezes por situações como essa.
Quando o engenheiro e matemático sueco Waloddi Weibull publicou sua famosa distribuição de probabilidade há exatos 60 anos, seu artigo foi inicialmente rejeitado da seguinte forma:
"The article was refused with the comment that it was interesting but of no practical importance."
A distribuição de Weibull é uma das mais importantes da Engenharia e da Estatística.
Coloquei "Weibull distribution" no google e surgem 331.000 resultados. Comparando o grande cientista com dois cantores famosos encontrei em termos de citações no google:
Waloddi Weibull - 9.040 resultados
Paul McCartney - 51.600.000 resultados
John Lennon - 60.000.0000 resultados
E, para ficarmos verdadeiramente cientes que quantidade não é qualidade e da grande mediocridade inerente do ser humano, pude constastar no google que:
Reginaldo Rossi - 1.060.000 resultados.
Gabriel o Pensador - 1.700.000 resultados
Com todo o respeito àqueles (inclusive amigos meus) que gostam desse cantor brega - de péssima qualidade -, ou do intitulado "pensador" (também péssimo). Ciência é realmente para uma casta privilegiada!
Quando o engenheiro e matemático sueco Waloddi Weibull publicou sua famosa distribuição de probabilidade há exatos 60 anos, seu artigo foi inicialmente rejeitado da seguinte forma:
"The article was refused with the comment that it was interesting but of no practical importance."
A distribuição de Weibull é uma das mais importantes da Engenharia e da Estatística.
Coloquei "Weibull distribution" no google e surgem 331.000 resultados. Comparando o grande cientista com dois cantores famosos encontrei em termos de citações no google:
Waloddi Weibull - 9.040 resultados
Paul McCartney - 51.600.000 resultados
John Lennon - 60.000.0000 resultados
E, para ficarmos verdadeiramente cientes que quantidade não é qualidade e da grande mediocridade inerente do ser humano, pude constastar no google que:
Reginaldo Rossi - 1.060.000 resultados.
Gabriel o Pensador - 1.700.000 resultados
Com todo o respeito àqueles (inclusive amigos meus) que gostam desse cantor brega - de péssima qualidade -, ou do intitulado "pensador" (também péssimo). Ciência é realmente para uma casta privilegiada!
sábado, 11 de junho de 2011
Vergonha!
O texto abaixo do grande Rui Barbosa, corresponde aos quatro primeiros parágrafos de um discurso proferido por ele. Essa vergonha, tão bem retratada pelo grande escritor baiano e um dos maiores intelectuais brasileiros, há quase 100 anos, eu senti essa semana pela libertação do famigerado assassino Cesare Battisti, patrocinada por algumas eminências pardas do PT. Segue o texto de Rui:
"A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.
A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".
"A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.
A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Quatro coisas impossíveis de acabar!
Em nosso País há quatro coisas impossíveis de acabar: o jogo, o carnaval, o futebol e a corrupção.
Os jogos de pura chance, bancados, não conduzem a nada produtivo, pois só beneficiam o banqueiro. É uma lei da Probabilidade. Esse tipo de jogatina enriqueceu Sílvio Santos desde o famigerado baú da felicidade. As emissoras de TV e a própria CEF aderiram ao jogo há muito tempo. As "raspadinhas" transformaram o jogo semanal e diário em instantâneo.
O carnaval é bancado por muitos contraventores. Esse carnaval, das mulatas sensuais e vaidosas, de coxas grossas e fortes, fazendo na avenida um "samba no pé", deixando os marmanjos enlouquecidos, elimina pelo menos 1/50 da nossa produção de bens e serviços, pois se passa uma semana sem o trabalho.
O futebol, junto dos dois primeiros fatores, forma o ópio do povo brasileiro. Futebol das vibrações dos estádios, da malemolência do crioulo, da malícia dos jogadores e dos dribles incríveis. Fiquei estupefato ao assistir, recentemente, um vídeo com a ostentação financeira de um jogador Wagner Love (que não conhecia e peço perdão aos flamenguistas). Lembro aqui que o grande Nilton Santos (a Enciclopédia) ia de ônibus aos treinos do Botafogo.
Essas três coisas combinados estimulam o ganho fácil e o jeitinho brasileiro, criando falsas esperanças que dopam os sentidos no que se refere à capacidade de luta do nosso povo. As novelas, também, ajudam a sonhar.
Finalmente, a corrupção crônica que assola nossa pátria amada é a grande vilã pela nulidade dos serviços públicos ofertados à população, principalmente, na área de educação e saúde. A rede pública municipal e estadual paga ninharias ao professorado e os hospitais universitários estão verdadeiramente sucateados. Esse fato produz um
único corolário: ganhos exorbitantes das seguradoras e dos planos de saúde!
Os jogos de pura chance, bancados, não conduzem a nada produtivo, pois só beneficiam o banqueiro. É uma lei da Probabilidade. Esse tipo de jogatina enriqueceu Sílvio Santos desde o famigerado baú da felicidade. As emissoras de TV e a própria CEF aderiram ao jogo há muito tempo. As "raspadinhas" transformaram o jogo semanal e diário em instantâneo.
O carnaval é bancado por muitos contraventores. Esse carnaval, das mulatas sensuais e vaidosas, de coxas grossas e fortes, fazendo na avenida um "samba no pé", deixando os marmanjos enlouquecidos, elimina pelo menos 1/50 da nossa produção de bens e serviços, pois se passa uma semana sem o trabalho.
O futebol, junto dos dois primeiros fatores, forma o ópio do povo brasileiro. Futebol das vibrações dos estádios, da malemolência do crioulo, da malícia dos jogadores e dos dribles incríveis. Fiquei estupefato ao assistir, recentemente, um vídeo com a ostentação financeira de um jogador Wagner Love (que não conhecia e peço perdão aos flamenguistas). Lembro aqui que o grande Nilton Santos (a Enciclopédia) ia de ônibus aos treinos do Botafogo.
Essas três coisas combinados estimulam o ganho fácil e o jeitinho brasileiro, criando falsas esperanças que dopam os sentidos no que se refere à capacidade de luta do nosso povo. As novelas, também, ajudam a sonhar.
Finalmente, a corrupção crônica que assola nossa pátria amada é a grande vilã pela nulidade dos serviços públicos ofertados à população, principalmente, na área de educação e saúde. A rede pública municipal e estadual paga ninharias ao professorado e os hospitais universitários estão verdadeiramente sucateados. Esse fato produz um
único corolário: ganhos exorbitantes das seguradoras e dos planos de saúde!
terça-feira, 17 de maio de 2011
Um Grande Mestre: O Prof. Wilton de Oliveira Bussab !
Um dia muito triste esta 2ª feira, dia 16 de maio, para a Estatística Brasileira que ficou mais pobre com o falecimento do Prof. Wilton de Oliveira Bussab. Ele era professor aposentado do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo e professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo. O Prof. Bussab foi ainda Presidente da Associação Brasileira de Estatística (ABE) em duas ocasiões, 1986 a 1988 e 2006 a 2008, e tinha grande experiência científica nas áreas de análise multivariada, amostragem e metodologia quantitativa.
O Prof. Wilton era Bacharel e Licenciado em Matemática pela Universidade de São Paulo (1964) e foi um dos primeiros mestres em Estatística desta instituição (1971). Fez doutorado na prestigiosa London School of Economics (University of London), em 1976, defendendo tese sob a orientação de Martin Knott. Tinha vários livros publicados, sendo que seu livro "Estatística Básica", em co-autoria com Pedro Morettin, é o livro mais conhecido em português da área de Estatística.
O Prof. Bussab desenvolveu inúmeras atividades de assessoria estatística para empresas e instituições governamentais. Era um exímio professor com aulas interessantes que atraíam grande audiência. Ele orientou várias dissertações de mestrado e teses de doutorado, de professores que ocupam posição de destaque no cenário da Estatística nacional. Era uma presença sempre muito respeitada e admirada nos eventos que participava com frequência. Em 2006, ganhou o Prêmio ABE pelos relevantes serviços prestados ao desenvolvimento da Estatística no País.
Conheci o Prof. Wilton em 1978 durante o 3º Simpósio Nacional de Probabilidade e Estatística (SINAPE) e, desde então, passei a admirá-lo como uma pessoa correta, de princípios, comedida, muito educada e atenciosa, um pouco reservada, e que sempre
se mostrava interessado em ajudar aos seus alunos a aprenderem mais e mais os princípios e as técnicas estatísticas.
Em uma reunião regional da ABE que coordenei em Recife, em 1986, ficamos mais próximos, e fomos jantar juntos em alguns restaurantes de Boa Viagem e Olinda. À época, ele era Presidente da ABE. A última vez que estive com ele foi em Águas de São Pedro, durante o último SINAPE, realizado em julho de 2010. Acompanhei, mesmo distante, de Recife, preocupado e bem atento ao seu problema de saúde. Tenho firme convicção que ele deixou milhares de admiradores na academia e fora dela, entre eles, eu. Infelizmente, a vida não é nunca como nós queremos! Pessoas como o Bussab deveriam viver pelo menos 200 anos, para que nos proporcionasse mais ensinamentos e coisas boas com sua dileta presença.
O Prof. Wilton era Bacharel e Licenciado em Matemática pela Universidade de São Paulo (1964) e foi um dos primeiros mestres em Estatística desta instituição (1971). Fez doutorado na prestigiosa London School of Economics (University of London), em 1976, defendendo tese sob a orientação de Martin Knott. Tinha vários livros publicados, sendo que seu livro "Estatística Básica", em co-autoria com Pedro Morettin, é o livro mais conhecido em português da área de Estatística.
O Prof. Bussab desenvolveu inúmeras atividades de assessoria estatística para empresas e instituições governamentais. Era um exímio professor com aulas interessantes que atraíam grande audiência. Ele orientou várias dissertações de mestrado e teses de doutorado, de professores que ocupam posição de destaque no cenário da Estatística nacional. Era uma presença sempre muito respeitada e admirada nos eventos que participava com frequência. Em 2006, ganhou o Prêmio ABE pelos relevantes serviços prestados ao desenvolvimento da Estatística no País.
Conheci o Prof. Wilton em 1978 durante o 3º Simpósio Nacional de Probabilidade e Estatística (SINAPE) e, desde então, passei a admirá-lo como uma pessoa correta, de princípios, comedida, muito educada e atenciosa, um pouco reservada, e que sempre
se mostrava interessado em ajudar aos seus alunos a aprenderem mais e mais os princípios e as técnicas estatísticas.
Em uma reunião regional da ABE que coordenei em Recife, em 1986, ficamos mais próximos, e fomos jantar juntos em alguns restaurantes de Boa Viagem e Olinda. À época, ele era Presidente da ABE. A última vez que estive com ele foi em Águas de São Pedro, durante o último SINAPE, realizado em julho de 2010. Acompanhei, mesmo distante, de Recife, preocupado e bem atento ao seu problema de saúde. Tenho firme convicção que ele deixou milhares de admiradores na academia e fora dela, entre eles, eu. Infelizmente, a vida não é nunca como nós queremos! Pessoas como o Bussab deveriam viver pelo menos 200 anos, para que nos proporcionasse mais ensinamentos e coisas boas com sua dileta presença.
domingo, 3 de abril de 2011
Just Smile...
Confesso que tenho muito pouca admiração pelos políticos brasileiros, mas gostava do modo combativo do ex Vice-Presidente Sr. José de Alencar, sobretudo sua firmeza e seu modo de ser, sempre com um sorriso amplo, alegre e ingênuo, mesmo em momentos difíceis.
Na última terça-feira, dia de sua morte, acabado de chegar a São Paulo, fiquei num hotel bem perto da Rua Barata Ribeiro, onde ele faleceu (Hospital Sírio Libanês). Por volta das 15hs, verificando a grande movimentação nas cercanias da Barata Ribeiro, fiz uma oração de conforto pela família de José de Alencar, mas me veio logo à mente uma das minhas canções prediletas "Smile" de Chaplin, Turner e Parsons.
Eu acho que a letra dessa música se identifica muito com a vida dele nos últimos anos. Essa música (cantada por Nat King Cole) marcou muito a minha infância, pois minha mãe colocava o long-play de Nat para eu dormir de tarde. Minha homenagem ao José de Alencar com a letra de Smile (ouçam a música cantada pelo grande Nat em http://letras.terra.com.br/nat-king-cole/388355):
"Smile though your heart is aching
Smile even though it's breaking
When there are clouds in the sky, you'll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll see the sun come shining through for you
Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying?
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying?
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile"
Na última terça-feira, dia de sua morte, acabado de chegar a São Paulo, fiquei num hotel bem perto da Rua Barata Ribeiro, onde ele faleceu (Hospital Sírio Libanês). Por volta das 15hs, verificando a grande movimentação nas cercanias da Barata Ribeiro, fiz uma oração de conforto pela família de José de Alencar, mas me veio logo à mente uma das minhas canções prediletas "Smile" de Chaplin, Turner e Parsons.
Eu acho que a letra dessa música se identifica muito com a vida dele nos últimos anos. Essa música (cantada por Nat King Cole) marcou muito a minha infância, pois minha mãe colocava o long-play de Nat para eu dormir de tarde. Minha homenagem ao José de Alencar com a letra de Smile (ouçam a música cantada pelo grande Nat em http://letras.terra.com.br/nat-king-cole/388355):
"Smile though your heart is aching
Smile even though it's breaking
When there are clouds in the sky, you'll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll see the sun come shining through for you
Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying?
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile
That's the time you must keep on trying
Smile, what's the use of crying?
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile"
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Resultado fantástico para i^i!
Em 1749, num texto da Academia de Berlin, Euler (com 46 anos) demonstrou que a potência complexa de qualquer número complexo é um número complexo. Um número complexo tem a forma a + b i, sendo "a" e "b" números reais e "i" corresponde à unidade imaginária (igual à raiz quandrada de -1).
Mas esse resultado é uma simples extensão do fantástico resultado envolvendo a unidade imaginária i^i = \exp(-\pi/2) (=número real), que ele mostrou (em duas linhas) 3 anos antes em carta enviada a Christian Goldbach.
Sugiro aos internautas interessados que leiam o fantástico livro de Carl Boyer "A History of Mathematics" (estou relendo agora), uma boa obra para essas curiosidades.
Na realidade, i^i pode ser igual a infinitas soluções reais da forma
i^i = \exp(-\pi/2+ 2 k \pi), para k inteiro positivo ou negativo. Entretanto, esse resultado não foi apresentado por Euler na carta a Christian Goldbach.
Mas esse resultado é uma simples extensão do fantástico resultado envolvendo a unidade imaginária i^i = \exp(-\pi/2) (=número real), que ele mostrou (em duas linhas) 3 anos antes em carta enviada a Christian Goldbach.
Sugiro aos internautas interessados que leiam o fantástico livro de Carl Boyer "A History of Mathematics" (estou relendo agora), uma boa obra para essas curiosidades.
Na realidade, i^i pode ser igual a infinitas soluções reais da forma
i^i = \exp(-\pi/2+ 2 k \pi), para k inteiro positivo ou negativo. Entretanto, esse resultado não foi apresentado por Euler na carta a Christian Goldbach.
sábado, 22 de janeiro de 2011
1/160
Morei em Londres por três anos e meio (de 1979 a 1982) e acho que conheço bem essa bonita cidade, onde costumava andar de bicicleta todo dia pelos seus principais
bairros. Diz um ditado da city: "If you are tired of London, you are tired of life".
Entretanto, fiquei estupefato ao ler na Folha de São Paulo de hoje (22/1/2011) uma matéria que mostra um condomínio de luxo (próximo a famosa Loja Harrods) em que o metro quadrado alcança a fantástica cifra de R$ 160 mil e a cobertura sái por cerca de R$ 371 milhões.
Entendo que o valor acima deve ser mais do que quatro vezes maior que o preço do metro quadrado da Av. Vieira Souto (Ipanema), Rio de Janeiro, que talvez seja o mais caro do Brasil. Existem prédios dessa avenida em que o condomínio mensal supera R$ 15 mil.
Da minha cidade predileta, Gravatá - agreste pernambucano -, onde o metro quadrado
das casas novas de classe média alta sái no máximo por R$ 1 mil - ou seja -,
1/160 do valor de Londres, não posso deixar de concluir: vivemos num mundo muito desigual mas até em Gravatá temos a possibilidade de viver muito bem, enquanto a milhares de brasileiros da região serrana devastada do Rio, resta apenas a probabilidade de sonhar que dias melhores virão.
bairros. Diz um ditado da city: "If you are tired of London, you are tired of life".
Entretanto, fiquei estupefato ao ler na Folha de São Paulo de hoje (22/1/2011) uma matéria que mostra um condomínio de luxo (próximo a famosa Loja Harrods) em que o metro quadrado alcança a fantástica cifra de R$ 160 mil e a cobertura sái por cerca de R$ 371 milhões.
Entendo que o valor acima deve ser mais do que quatro vezes maior que o preço do metro quadrado da Av. Vieira Souto (Ipanema), Rio de Janeiro, que talvez seja o mais caro do Brasil. Existem prédios dessa avenida em que o condomínio mensal supera R$ 15 mil.
Da minha cidade predileta, Gravatá - agreste pernambucano -, onde o metro quadrado
das casas novas de classe média alta sái no máximo por R$ 1 mil - ou seja -,
1/160 do valor de Londres, não posso deixar de concluir: vivemos num mundo muito desigual mas até em Gravatá temos a possibilidade de viver muito bem, enquanto a milhares de brasileiros da região serrana devastada do Rio, resta apenas a probabilidade de sonhar que dias melhores virão.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
O que dá pra rir dá pra chorar!
Suponha que é igualmente provável que um indivíduo morra em qualquer momento de um intervalo (0,T). Considere-se a distribuição das mortes de n indivíduos independentes nesse intervalo. Então, o valor esperado do tempo do indivíduo que viverá mais é n T/(n+1). Claro que quando n tende a infinito esse tempo máximo tenderá a T.
Esse resultado é um dos lemas da tese de Nicholas Bernoulli em 1709. Hoje, qualquer aluno que cursou probabilidade pode demonstrá-lo a partir da distribuição das estatísticas de ordem da distribuição uniforme.
Entretanto, a prova dada por Bernoulli foi complicada para sua época. Pois é, na ciência, também, os versos de Billy Branco cáem como uma luva: "O que dá pra rir dá pra chorar, questão só de peso e medida, problema de hora e lugar".
Esse resultado é um dos lemas da tese de Nicholas Bernoulli em 1709. Hoje, qualquer aluno que cursou probabilidade pode demonstrá-lo a partir da distribuição das estatísticas de ordem da distribuição uniforme.
Entretanto, a prova dada por Bernoulli foi complicada para sua época. Pois é, na ciência, também, os versos de Billy Branco cáem como uma luva: "O que dá pra rir dá pra chorar, questão só de peso e medida, problema de hora e lugar".
Dois Brasis!
Temos dois Brasis! O primeiro, formado por grande parte de indivíduos de todo o País ajudando a tragédia da região serrana do Estado do Rio de Janeiro. O segundo: o
famigerado PMDB, onde a Contralodoria-Geral da União constatou desvios de recursos da Saúde num montante de cerca de R$ 500 milhões, entre 2007 e 2010.
Some-se, ao segundo, o gasto recorde do governo federal de R$ 80 milhões com cartões corporativos e as aposentadorias vitalícias para ex-governadores que não cumpriram de forma integral os seus mandatos. Alguns se aposentaram com menos de um ano no cargo de governador.
famigerado PMDB, onde a Contralodoria-Geral da União constatou desvios de recursos da Saúde num montante de cerca de R$ 500 milhões, entre 2007 e 2010.
Some-se, ao segundo, o gasto recorde do governo federal de R$ 80 milhões com cartões corporativos e as aposentadorias vitalícias para ex-governadores que não cumpriram de forma integral os seus mandatos. Alguns se aposentaram com menos de um ano no cargo de governador.
Um causo de Eduardo Valle
A UFPE, na área de Informática, está entre as melhores instituições do País. Infelizmente, como enfatizei em outro texto aqui, essa área perdeu (há alguns meses) um dos seus precursores: o saudoso Prof. Eduardo Valle. Permitam-me contar um causo dele do início dos anos 70 que, pelo menos para mim, foi um dos fatos marcantes da sua juventude.
Eduardo, ainda muito jovem, em 1977, tornou-se professor do Departamento de Estatística e Informática da UFPE. Ele era, também, professor da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Naquela época não havia dedicação exclusiva.
No primeiro semestre de 70, a Emprel (Empresa de Processamento de Dados da Prefeitura de Recife) fez um convênio com a IBM e alguns técnicos do Rio de Janeiro dessa importante multinacional deram (na sede da Emprel) um curso de 6 meses em módulos: Fortran 77, Cobol, Algol e PL1.
A Emprel selecionou 30 alunos para esse curso. No final, os 10 primeiros colocados seriam contratados pela Emprel. Os dois primeiros colocados foram Fred de Andrade (1o) e Eduardo Valle (2o). Eu era amigo dos dois. Fred era meu colega na Escola de
Engenharia da UFPE (ele, também, namorava a irmã de minha namorada) e Eduardo meu colega na UNICAP. Fred tornou-se depois diretor geral da Emprel.
Quando saiu o resultado do concurso - com os 10 primeiros lugares publicados nos jornais locais -, convidamos Eduardo, e um grupo de rapazes (com suas namoradas) foi comemorar no Restaurante Barril, o melhor (e mais caro) da Praia de Boa Viagem.
Naquela época as moças de família de Recife não saíam sozinhas com seus namorados e andávamos sempre em grupos. Era uma 6a feira e, depois do jantar, íriamos a uma boate da moda chamada "Ferro Velho".
Jantamos por mais de duas horas, mas na saída do restaurante, Eduardo nos disse em tom professoral e para espanto de todos: "Turma, não poderei ir a boate, porque, enquanto jantávamos, descobri uma maneira muito mais eficiente de fazer um programa
em ALGOL. Tenho que ir para casa desenvolvê-lo". Era assim, o Eduardo que perdemos!
Eduardo, ainda muito jovem, em 1977, tornou-se professor do Departamento de Estatística e Informática da UFPE. Ele era, também, professor da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Naquela época não havia dedicação exclusiva.
No primeiro semestre de 70, a Emprel (Empresa de Processamento de Dados da Prefeitura de Recife) fez um convênio com a IBM e alguns técnicos do Rio de Janeiro dessa importante multinacional deram (na sede da Emprel) um curso de 6 meses em módulos: Fortran 77, Cobol, Algol e PL1.
A Emprel selecionou 30 alunos para esse curso. No final, os 10 primeiros colocados seriam contratados pela Emprel. Os dois primeiros colocados foram Fred de Andrade (1o) e Eduardo Valle (2o). Eu era amigo dos dois. Fred era meu colega na Escola de
Engenharia da UFPE (ele, também, namorava a irmã de minha namorada) e Eduardo meu colega na UNICAP. Fred tornou-se depois diretor geral da Emprel.
Quando saiu o resultado do concurso - com os 10 primeiros lugares publicados nos jornais locais -, convidamos Eduardo, e um grupo de rapazes (com suas namoradas) foi comemorar no Restaurante Barril, o melhor (e mais caro) da Praia de Boa Viagem.
Naquela época as moças de família de Recife não saíam sozinhas com seus namorados e andávamos sempre em grupos. Era uma 6a feira e, depois do jantar, íriamos a uma boate da moda chamada "Ferro Velho".
Jantamos por mais de duas horas, mas na saída do restaurante, Eduardo nos disse em tom professoral e para espanto de todos: "Turma, não poderei ir a boate, porque, enquanto jantávamos, descobri uma maneira muito mais eficiente de fazer um programa
em ALGOL. Tenho que ir para casa desenvolvê-lo". Era assim, o Eduardo que perdemos!
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